Na Boca da Noite
A garrafa de pinga,
O charuto, a farofa,
Na quebrada da esquina;
O atrás – dos- muros,
Os anões dos jardins,
O chegar devagar
Do fim do dia;
Hora da Moura-Torta,
Hora do cachorro louco,
Hora do Velho-do-Saco,
Hora de assombração;
Os pássaros quietos
No alto das árvores,
O bater das asas
Dos morcegos no quintal;
A prata da lua
Nas folhas das bananeiras,
O sopro do vento
Nas cortinas que esvoaçam;
E a mãe que não chega,
O pai que não está,
O restar, ficar só,
Na boca da noite;
Os desvãos ocultos
Por pó e coisas velhas,
A ameaça que reside
Atrás de cada porta;
As sombras que ficam
No fim da escada,
O sótão escuro,
A lâmpada apagada;
O bonde que passa,
Os passos no pátio,
Os roncos que vêm
Do quarto ao lado;
E a promessa quebrada,
A jura descumprida,
O mal não desfeito,
A reza interrompida;
A gaveta aberta,
O retrato amarelado,
A fita vermelha,
A carta rasgada;
O vestígio dos sons
Que se foram com o dia,
O latido dos cães
Do fundo da noite;
O gemido, de súbito,
Do portão que se abre
O assoalho que range,
Alguém vai chegar.
(Quem?)
Euclides Oliveira - 2005.
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