PALLADIO

sábado, novembro 14, 2009

A MORTE NA CALÇADA

Ele morreu.
Eu vim pela calçada da Itacema
Com o meu cãozinho nos braços
Morto.
Ele morreu.
Eu vim pela calçada
Qual um Lear sem História,
Sem glória.
Mas com um grito contido no peito
Que faria rachar
A abóbada celeste.
Ele morreu.
Tendo caído no chão, eu o ergui
Para que morresse em meus braços.

Ele então olhou-me pela derradeira vez
Pendeu a cabeça para o lado
E morreu.

Por que não me esperaste amigão,
Para irmos juntos
A algum lugar do universo,
Ou a lugar nenhum?

Companheiro, por que não te moves mais?
O que de ti assim partiu?
Estás morto.
Para onde foste neste triste fim de inverno?
Por onde andas bichinho,
Que calçadas farejas,
Em que canto te acomodaste?

Assim,
Deitei-te no chão, tão frio,
E acariciei-te na morte
Como tantas vezes o fiz em vida.
Velei-te no piso de ladrilhos
Com olhos lavados de lágrimas,
Até que te levaram
Para teu simples funeral.
Não te verei mais?
Vá com o meu adeus, bicho,
E que minha saudade o acompanhe.