PALLADIO

domingo, abril 08, 2007

A Forma do Território

A seguir alguns trechos de "A Forma do Território" e outros, de Vittorio Gregotti:

- [... Para estudar-se as possibilidades de uma análise antropológica e geográfica da paisagem, os vários aspectos ligados à abordagem multi-dimensional do arquiteto com o meio ambiente têm de serem observados...]

- [... O arquiteto impõe a sua estética na vizinhança natural...]

- [...Os elementos responsáveis pela transformação da paisagem no tempo, compreendem variações climáticas e das estações, infra-estrutura dos colonizadores, a agricultura e fenômenos naturais como enchentes, etc...]

- [... Nosso começo é compreender que a natureza é transformada em culturas agrícolas para o homem aumentar a sua produção de bens às custas das características originais do terreno ...]

- [...Qualquer território, com a excessão dos desertos, tem uma explicação histórica porque determinados pedaços de terra foram usados ou não e nós estamos continuamente recriando a geografia através da nossa experiência e cultura...]

- [... Uma nova hipótese assume a paisagem no significado do seu conteúdo e com um mínimo de modificações...desenhar cartograficamente os valores do território tendo em vista a intervenção na geografia...]

- [...Existem elementos na paisagem que, por sua proeminência, entorno e implantação adquirem um caráter excepcional e um significado denso ...]

O trecho seguinte é extraído de uma conferência de Gregotti na "New York Architectural League":

- [...O pior inimigo da arquitetura moderna é a idéia de espaço considerado exclusivamente em termos de suas exigências econômicas e técnicas, indiferentes à idéia de lugar.
Segundo acreditamos, o ambiente construído que nos cerca é a representação física de sua historia e o modo como acumulou diferentes níveis de significado para formar a qualidade específica de lugar, não exatamente em decorrência daquilo que pareça ser em termos perceptivos, mas aquilo que é em termos estruturais.
...Na verdade, através do conceito de lugar e do princípio de assentamento, o ambiente torna-se a essência da produção arquitetônica; a partir deste ponto de observação, é possível vislumbrar novos princípios e métodos para o projeto, princípios e métodos que dão precedência à localização em uma área específica. Este é um ato de conhecimento do contexto que decorre de sua transformação arquitetônica; a origem da arquitetura não é a cabana primitiva, a caverna ou a mítica "Casa de Adão no Paraiso".
Antes de transformar um suporte numa coluna e um telhado num tímpano, antes de colocar pedra sobre pedra, o homem colocou uma pedra no chão com a finalidade de identificar um lugar no meio de um universo desconhecido, para que assim pudesse conhecê-lo bem e modificá-lo
...]

Além do evidente valôr que Gregotti dá à geografia e à paisagem, parece-me óbvio que o lugar tenha precedência sobre a arquitetura ou um assentamento humano. Nossos ancestrais nômades escolhiam um sítio sombreado e com água, ou em uma elevação, para sua segurança, e depois disto faziam ali suas tocas, ou erguiam sua tendas ou choças. Esta escolha visava não apenas à obter conforto material e segurança física mas também levava em consideração aspectos simbólicos ou mágicos que o protegessem dos maus espíritos e atraisse os bons. O mesmo valia para a agricultura; além do relevo e da hidrografia o homem, ao procurar um local fertil para semear e colher, baseava-se na sua visão do mundo e do cosmos, na sua relação com os vivos e com os mortos.