PALLADIO

sexta-feira, janeiro 02, 2009

OS VIVOS E OS MORTOS

Fui a um casamento em Niterói
Após décadas sem por lá estar
E depois à festa, no Saco de São Francisco,
Praia onde passei alguns verões de minha infância.
Achei-a irreconhecível, o que antes era mato,
Areia e uma ou outra casa
É hoje um sem fim de edifícios,
De gente, de bares e restaurantes.
A igrejinha Barroca do Bairro,
Da qual eu me lembrava no topo de um penhasco
Debruçado, majestoso, sobre as águas da enseada,
Na realidade ergue-se sobre um pequeno outeiro
Humilde, semi-urbanizado, com um adro sem graça,
E uma nova avenida onde antes era o mar.
Parece-me que quando somos pequenos
Tudo para nós é grandioso, dramático, poderoso,
Como nos contos de fada; depois, com o tempo, passa.
Na festa, sentei-me ao ar livre e de quando em quando
Olhava meu pai (sem mamãe) na mesa ao lado
Com dois dos velhos amigos (poucos) que lhe restaram.
Lembrei-me, então, de um verso em latim
Que, onde o li, não me lembro mais e de quem é nunca soube;
Ubi sunt qui ante nos in mondo fuere.
E perguntei a minha irmã, à minha frente:-
Onde estão aqueles que antes de nós viveram neste mundo?
Ao que ela me respondeu, citando Manoel Bandeira:
Estão dormindo, dormindo profundamente