PALLADIO

quarta-feira, outubro 15, 2008

PASSOS NA AVENIDA

Sol
Na Avenida Ipiranga
Sol de serra
Sol a pino
Solitude
Do meio-dia.

(A Catedral de São Pedro de Alcântara
Com sua maciça geometria
Guarda o início da avenida)


*

Caminhando
Passo por ela agora
Como por ela passava outrora;
Passeava-a encantado com a luz
Preguiçosa do verão;
Longos passeios passados.
Passagens vagarosas
Pisando o cimento velho,
Trincado, das belas calçadas,
Olhando os jardins decaídos,
Sua fria e escura umidade.

Sãos passos, penso,
Passos de um caminho
Que outrora por aqui começou;
Passo na Ipiranga agora
Andando atrás do outro
Que por aqui passava, passeava
Em outro tempo, outras horas,
Pensando no que haveria de ser,
No que lá na frente viria,
Na vida por acontecer.

(E os muros vão passando
Um a um, pausadamente:
Passa o muro do convento
E o muro da casa assombrada;
Passa o muro coberto de hera
E o muro da casa da Bela e da Fera).

E recordo quando finda a caminhada
Sentava-me na pracinha da ladeira
(Nas tardes vazias de domingo),
Com uma escura angústia
A rondar o coração,
Um não saber o que fazer
Da tarde, do domingo, da vida,
A esperar um não sei o quê que não vinha nunca
Enquanto o sol se punha atrás da serra.