CARTA AO ARQUITETO HUMBERTO ORTIZ
Lamento profundamente que isto esteja acontecendo em um país com uma tradição cultural tão vasta e significativa como o México, e logo pelas mãos do Rem Koolhaas, que considero apenas um oportunista ambicioso com algum talento e muita habilidade em seu “self-marketing” de “Super-Star”.
Mas veja arquiteto Ortiz, no Rio de Janeiro, há alguns anos atrás, um sátrapa desvairado (o prefeito César Maia) contratou o Jean Nouvel (outro oportunista histórico) para fazer o projeto da sede do Guggenheim no Brasil; pois bem, ao vir ao conhecimento público o estudo do museu (muito infeliz, uma mescla de folclore kitsch com um “high-tech” exibicionista), a revolta no meio arquitetônico foi tal que nosso alcaide desistiu da empreitada, mas não sem antes pagar cerca de 2 milhões de dólares ao colega francês por um estudo em um país onde se paga 10 mil dólares pelo projeto de arquitetura completo de um grupo escolar. A verdade é que há uma mitificação injustificada destes arquitetos “globais”; eu, por exemplo, não trocaria uma ponte do Robert Maillart por cinco do Santiago Calatrava.
Quanto à miséria humana (esta sim, global), que você contrapõe ao desperdício brutal de recursos em arquiteturas supérfluas, o que dizer a mais sobre tal questão? Vivemos em um planeta onde dezenas de milhões de seus habitantes padecem com a fome endêmica, onde a cada 5 segundos uma criança morre por desnutrição grave, o que resulta em 12 mortes por minuto, perfazendo um total de 720 por hora e, conseqüentemente, 17.280 por dia, ou sejam, mais de 6 milhões de óbitos por ano (fonte: "Médicos sem Fronteiras").
Quanto ao “arranha-céu do Koolhaas, faço votos para que os arquitetos da Cidade do México consigam unir-se e demover o seu prefeito desta aventura “gobal” e elitista.
Boa sorte,
Euclides Oliveira
(Esta carta foi publicada originalmente no portal Vitrúvius).
1 Comments:
Caro Quica,
Gostei muito dos seus comentários, nada a acrescentar, apenas precisando um dado, são cerca de 800 milhões de pessoas famintas, e não apenas algumas dezenas de milhões. Dados de 2008.
beijos da irmã
Rosa
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Anónimo, at 11:37 da tarde
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