PALLADIO

segunda-feira, maio 24, 2010

PESADELO




Esta é a noite do desassossego
Esta é a noite da inquietude,
Quando acordas para o susto,
Burguês;

Esta é a noite do provável,
Esta é a noite do possível,
Quando pressentes a favela,
Burguês;

Esta é a noite do esperado,
Esta é a noite do acontecido.
Quando ouves o ruído nos campos,
Burguês;

Esta é a noite do inverso,
Esta é a noite do oposto,
Quando enxergas o vermelho,
Burguês;

Esta é a noite dos teus demônios,
Esta é a noite dos teus tormentos,
Quando enfim sentes medo,
Burguês;

Que clamor incessante é este,
Que procissão desmedida é esta
Que vês aproximar-se de ti,
Burguês?

Sentes a presença do mal,
Vês a foice e o martelo,
Ouves o povo na rua,
Burguês;

Queres voltar ao sono,
Queres voltar ao sonho,
Queres fugir e não podes
Burguês;

Negas tudo o que tens,
Negas tudo o que sabes
Mas a voz lá fora não cala,
Burguês;

Não há soldados na praça,
Não há metralha na esquina,
Não há quem mais te socorra,
Estás só,
Burguês