PALLADIO

segunda-feira, março 22, 2010

Cais do Porto em POA

Porto POA

Pelo que vejo, Porto Alegre não foge ao destino das grandes metrópoles deste país que é o de verem seus Centros Históricos decaírem pela perda da função Habitação, causada pela fuga de sua população original – a alta classe média – para bairros deles afastados. Tal fato se dá devido à tendência da burguesia de isolar-se das outras classes sociais de renda inferior à sua, ou falando em português claro, de manter a pobreza longe de seus condomínios luxuosos. Assim, na medida em que, paulatinamente, parte do comércio central e dos serviços passam a atender também os bairros da periferia, cuja população geralmente passa pelo local em seus deslocamentos diários aos locais de trabalho, os apartamentos de classe média vão sendo abandonados, permanecendo desde então desabitados e em processo de nítida deteriorização física.

Como nos conta a Tânia, a este fenômeno urbano em POA, se acresce o do abandono da zona portuária anexa (como no Rio de Janeiro), formando um quadro de subutilização da em geral excelente rede de infra-estrutura destes locais. Estou convencido de que a solução para este problema está na restauração da função habitacional do Centro Histórico, valendo-se o Poder Público da desapropriação dos imóveis residenciais abandonados (função social da propriedade privada) para a implantação de moradias para as classes ditas “C” e “D” (até, digamos, três SM de renda), subsidiadas, quando for o caso. Imagino que o local já possui escolas públicas em número razoável (como em SP), bem como comércio (gerador de empregos locais) parques e praças e que se constitue em importante nó no sistema de transporte público da cidade, o que em muito facilitará o referido processo de renovação urbana (a existência destes equipamentos e infraestrutura são usuais em centros urbanos antigos0.

Quanto ao cais do porto, a presença de uma zona central vizinha densamente habitada favoreceria a sua restauração, alguns dos seus armazéns poderiam ser transformados em quadras esportivas cobertas, centros de cultura e artesanato, sede de escolas de samba, etc.. Seria oportuna a tentativa de implantar o transporte fluvial mencionado pela Tânia, para trazer vida ao cais – também poderia se pensar em turismo aquático na Lagoa dos Patos; mas em traineiras à vela e não em lanchas envidraçadas e sofisticadas, por favor!